Uma apuração conduzida durante seis meses pelo Hunterbrook Media indica que a BrainCo, fabricante da faixa de monitoramento neural FocusCalm, pode ter obtido dados cerebrais de atletas de elite, entre eles o piloto da Ferrari na Fórmula 1, Charles Leclerc.
De acordo com documentos levantados pela investigação e divulgados pelo jornalista Pablo Torre em podcast recente, a BrainCo teria recebido recursos de grupos ligados ao Partido Comunista Chinês e mantido parcerias com contratantes militares na China. O material listaria Leclerc ao lado de nomes como o tenista Jannik Sinner, a esquiadora Mikaela Shiffrin e jogadores da Premier League entre os usuários do dispositivo.
O FocusCalm é descrito como um headband popular no meio esportivo por permitir que atletas monitorem ondas cerebrais relacionadas a estados de calma e estresse, auxiliando no desempenho. “Você consegue ver quando está calmo, quando está estressado, e entrar no fluxo é o que todo o marketing promete”, afirmou Torre.
Especialistas consultados pela reportagem apontam riscos potenciais. O médico esportivo Riccardo Ceccarelli, fundador da Formula Medicine e responsável por treinar Leclerc desde a adolescência, disse acreditar que as informações captadas podem ser reutilizadas em outros países para aprimorar atletas e até aplicações em aviação e defesa. “Sim, absolutamente”, declarou.
A professora Nita Farahany acrescentou que é “muito provável” que o Partido Comunista Chinês busque compreender o desempenho de atletas de alto nível para aplicá-lo em programas de capacitação militar e pesquisas de guerra cognitiva.
As revelações levantam questionamentos sobre privacidade e segurança de dados biométricos no esporte de alto rendimento, além de reacender o debate sobre a relação entre tecnologias esportivas e interesses estatais. Até o momento, a investigação não apresentou provas de uso efetivo desses dados pela China, baseando-se em documentos e entrevistas reunidos no período analisado.
Com informações de F1Mania



